A brasileira Dolly Refrigerantes se transformou num problema para a gigante americana Coca-Cola, que enfrenta uma enxurrada de denúncias e acusações de atos de concorrência desleal e de abuso do poder econômico no Brasil. No mais recente capitulo da briga, que começou a ser travada em meadas do ano passado, a Dolly decidiu recorrer aos meios publicitários. Além de compra espaço na TV, a empresa também espalhou outdoors pelas ruas de São Paulo com o slogan “Brasileiro não tem medo de estrangeiro”, uma referência clara às denúncias feitas contra a Coca-Cola no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e na Justiça. “Vamos continuar explorando todos os canais possíveis”, afirmou o presidente da empresa, Laerte Codonho.
Toda confusão começou quando ele resolveu gravar 30 horas de conversa com o ex-diretor da Spal-Panamco (maior engarrafadora da Coca-Cola no Brasil, adquirida em maio de 2003 pela mexicana Femsa).
Luiz Eduardo Capistrano, Nas gravações, o ex-funcionário admite haver um plano para tirar os refrigerantes Dolly do mercado. Em trechos divulgados da fita, Capistrano teria dito que um dos mecanismos para afetar a empresa foi espalhar um e-mail dizendo que a bebida Dolly causava câncer. A história virou alvo de inquérito policial no 3º Distrito Policial de Diadema, onde Capistrano prestou depoimento e negou as acusações.
Além disso, as denúncias foram para nos órgãos de defesa da concorrência – no Cade e na Secretaria de Direito Econômico (SDE). A SDE já notificou a engarrafadora Femsa, que terá até 18 de fevereiro para apresentar vários documentos ao governo. Por enquanto, trata-se apenas de uma averiguação preliminar, mas que poderá transformar-se em processo. O executivo da Femsa, Jorge Torres, afirmou que a empresa respeitará todas as leis do País e cumprirá com a obrigação. “Somos uma empresa baseada em valores e temos larga trajetória de negócios”, argumentou Torres.
Segundo ele, as denúncias feitas contra a Coca-Cola não afetaram a imagem da empresa. Além disso, o executivo questiona: “Será que eles não querem se promover com essa história?” A pergunta é uma incógnita. Mas a Dolly conseguindo fazer barulho.
Apesar disso, a empresa não tem boa imagem no mercado. Segundo fontes do setor, a receita Federal tem investigação contra a companhia que seria acusada de sonegação fiscal. Laerte Codonho afirma, porém, que o assunto já foi esclarecido e deveu-se a erros por parte de um ex-funcionário. O presidente da empresa também tem processos na Justiça, segundo pesquisa no Tribunal de Justiça de São Paulo.
Codonho – formado em economia e técnico agrícola afirma ter sido o primeiro a trazer o refrigerante diet para o Brasil, em 1987. Depois de passar um tempo nos Estados Unidos, retornou ao Brasil e desenvolveu a fórmula da bebida. Segundo ele, o aumento da popularidade de 1994 começou a incomodar muita gente, até a Coca-Cola.
fonte: O Estado de S.Paulo