Denúncias esquentam a guerra de Refrigerantes

wewePicture1

Denúncias esquentam a guerra de Refrigerantes

  Surge um novo capitulo na guerra dos refrigerantes envolvendo a Coca-Cola e a brasileira Dolly. Além dos cartazes pelas ruas da cidade, há uma noticia mais barulhenta. O DIÁRIO teve acesso, com exclusividade, a fitas de vídeo gravadas por Laerte Codonho, presidente da Dolly. Nas fitas, um antigo executivo da Panamco/Spal maior fabricante da Coca no Brasil, faz acusações que, se comprovadas, constituem um escândalo e tanto. Ele diz que a multinacional mantinha um Caixa 2 para sonegar impostos e mandar dinheiro para o exterior. Mais grave ainda: segundo esse antigo funcionário, Luis Eduardo Capistrano, a empresa chegou a destinar U$ 5 milhões para pagar propinas para integrantes do Ministério Público Federal.

  Em conversa com o DIÁRIO, Laerte Codonho admite que resolveu abortar Capistrano quando o antigo funcionário da empresa rival encontrava-se sem emprego “Fiz uma proposta de trabalho e nos encontramos em três datas diferentes em meu escritório”, explica Codonho, que define o serviço como “consultoria” O empresário garante que os depoimentos em vídeo não faziam parte do pacote negociado – mas constituem uma conversa espontânea e sincera de Capistrano, Conforme Codonho, o executivo desempregado fez várias afirmações gravíssimas (veja quadro abaixo) sem saber que estava sendo filmado e gravado “Já estava bastante desconfiado das ações da Coca porque tive uma queda representativa em meu faturamento” afirma Codonho. Essas denúncias vieram a público em agosto de 2003, voltando à tona no inicio deste ano. A rede de televisão RedeTV! Colocou no ar nos dias 4 e 11 de janeiro dos programas em “que Codonho é a atração principal. Durante a entrevista do programa – que se chama “100% Brasil” – ele faz sérias denúncias contra a Coca baseado nas conversas em que teve com Capistrano.

  Durante a exibição dos programas, não houve nenhum intervalo. Segundo a assessoria de imprensa foram produzidos por uma equipe da Dolly, que até usou a estrutura da emissora. Para o próximo domingo, Codonho anuncia novas denúncias, sempre enrolado na bandeira de seus cartazes de rua: “Brasileiro não tem medo de estrangeiro.”

      Briga antiga

  A briga entre as duas empresas não é de hoje. No primeiro lance Codonho enviou para a secretaria de Direito Econômico (SDE), órgão vinculado ao Ministério da justiça, o pacote com a versão integral das gravações de Capistrano – um pacote de 30 horas.

  Junto com as fitas, Codonho anexou documentos onde acusa a Coca-Cola de concorrência desleal de pressionar fornecedores para interromperem a relação comercial com a Dolly, como o objetivo de quebrar a empresa. Também acusa a empresa de sonegação de impostos.

  Codonho também fez denúncias junto ao Ministério Público Federal e à Corregedoria da Receita Federal. Procurado pelo DIÁRIO, o sub-procurador federal, Moacir Guimarães Morais, comentou que a Dolly já foi ouvida, as fitas estão sendo analisadas e que, a partir de 22 de janeiro, a Coca-Cola será convocada a depor. “Meu parecer pode ser encaminhado tanto para a SDE, se for detectado concorrência desleal, como para a Polícia Federal, se for apurado algum crime”, explica o Morais.

  As acusações de sonegação fiscal da Coca-Cola e da Panamco estão sendo apuradas pela Corregedoria da Receita Federal. Pelos planos de Codonho, o próximo passo será ir a Brasília e mostrar as fitas ao presidente Luís Inácio Lula da Silva. “já encaminhei um pedido de audiência, mas ainda não obtive resposta,” contra. Em geral, as denúncias envolvem empresas menores, que produzem as chamadas tubaínas. Estima-se no mercado que a sonegação fiscal é comum neste meio e que pode chegar a R$1,5 bilhão. O próprio Codonho é acusado de não pagar o que deve. O empresário admite que o Leão não recebeu tudo o oque tinha direito, mas culpa os maus serviços de um conselheiro para assuntos fiscais que desviou a verba dos impostos.

  Na terça-feira, a Coca-Cola do Brasil divulgou uma nota oficial em que diz que as acusações da Dolly “são fantasiosas distorcem os fatos e visam confundir a opinião pública.” Em conversas privadas, fontes ligadas a multinacional, fontes ligadas a multinacional dizem que Codonho realiza uma operação barulhenta e perigosa para esconder o rombo financeiro da própria empresa. No início do desse mês a Coca-Cola e a Panamco receberam, em separado, notificações para prestar esclarecimentos na SDE. Pode ser uma oportunidade para se entender melhor um caso que até agora produziu muito ruído e pouca luz.

fonte: Diário de S.Paulo

Bitnami