Dolly publica anúncio nos EUA contra a Coca-Cola

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Dolly publica anúncio nos EUA contra a Coca-Cola

  A Dolly Refrigerantes publicou ontem, na edição americana do “The Wall Street Journal”, uma carta aberta ao conselho de administração da Coca-Cola pedindo que sejam investigadas as denúncias de que a multinacional praticou no Brasil atos de concorrência desleal e de abuso do poder econômico e que tome providências sobre o assunto. A carta, um anúncio pago de meia página, é endereçada ao presidente mundial, Douglas Daft, e para conselheiros como o megainvestidor Warren Buffet.

  A Dolly se baseia em declarações – gravadas em vídeo – de um ex-diretor da Spal/Panamco, Luiz Eduardo Capistrano do Amaral, nas quais o executivo conta como era o plano para tirar os refrigerantes Dolly do mercado. O plano teria sido colocado em prática entre os anos de 2000 e 2001 quando a Spal/Panamco era a maior engarrafadora da Coca-Cola no Brasil. A empresa foi vendida, em maio deste ano, para a mexicana Femsa.

   No anúncio, cujo preço de tabela é de USS 21 mil, mas que teria custado cerca de USS 17 mil para a Dolly, foram publicadas algumas das frases que teriam sido ditas por Capistrano no vídeo, entre elas “a missão era tirar você (Dolly) do mercado” e “esse e-mail (difamando a marca Dolly e afirmando que causava câncer) foi usado pela área de vendas da Coca-Cola, né? Poxa, caramba, isso é mais ou menos óbvio”. O caso está sendo analisado pelo Conselho administrativo de Defesa Econômica (Cade) a pedido da Dolly.

  Procurada, a Coca-Cola no Brasil informou que o assunto estaria sob a responsabilidade de Femsa Jorge Torres, executivo da Femsa para o Mercosul, informou que a carta aberta foi endereçada ao conselho de administração da Coca e que, portanto, a Femsa, Engarrafadora não teria nada a dizer sobre o assunto. “Assumimos o controle da engarrafadora no Brasil em maio deste ano e não encontramos evidências de que tenha havido um caso de concorrência desleal. Somos uma empresa que respeita a lei e que é ética no trato com os competidores”, afirmou Torres. A equipe de imprensa da Coca-Cola foi contatada em sua sede em Atlanta, por telefone e e-mail, mas não deu retorno.

  O e-mail ao qual a Dolly se refere no anúncio do “The Wall Street Journal” é alvo de inquérito policial no 3º Distrito Policial de Diadema. Na fita de vídeo gravada por Laerte Codonho, dono da marca Dolly, Capistrano admite que a área de vendas da Coca distribuiu e-mail dizendo que o guaraná Dolly provocava câncer. Capistrano não sabia que as reuniões estavam sendo gravadas.

 Em depoimento à policia esta semana Capistrano negou que tenha falado de qualquer plano para destruir a Dolly. Seu advogado pôs em dúvida a gravação em vídeo, dizendo que ela poderia ter sido editada sendo o delegado Marcos dano Mariano da silva, que responde pelo inquérito, as fitas já foram periciadas. Procurado, Capistrano não retornou as ligações.

  No inquérito de Diadema, já foram ouvidos o hondurenho Mario Alfredo Rivera Garcia, pela Coca-Cola Company, e o vice-presidente jurídico Marco Aurélio Eboli, representante da Spal/Panamco.

   Além da distribuição do e-mail, a Dolly pede que o Cade apure pressões exercidas pela Coca contra fornecedores e varejistas. A Coca informou que a Dolly responde a processos por sonegação fiscal.

fonte: Valor Econômico

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